No cerne do sistema de saúde pública, os agentes comunitários de saúde (ACS) desempenham um papel vital na conexão entre as comunidades e os serviços de saúde. Sua missão principal, delineada por diretrizes claras, é a de realizar visitas domiciliares para monitorar a saúde das famílias, prover educação sanitária e garantir que informações sobre consultas e exames cheguem aos cidadãos.
Contudo, relatos recentes indicam uma desvirtuação preocupante dessas atribuições. Em alguns postos de saúde da cidade de Macau, observa-se uma tendência de substituir as visitas presenciais por contatos telefônicos. Essa prática, além de não encontrar respaldo em nenhuma nota técnica oficial, contraria a essência do trabalho dos ACS, que é o atendimento humanizado e próximo ao cidadão.
A busca ativa, uma das principais responsabilidades dos agentes, implica em ir ao encontro das pessoas, conhecer suas realidades e estabelecer um vínculo de confiança. O uso exclusivo do telefone celular para informar sobre exames e consultas não apenas reduz a eficácia desse serviço, mas também despersonaliza o cuidado que é fundamental na atenção primária à saúde.
Além disso, a gestão de alguns postos de saúde tem sido questionada. A indicação de gestores por políticos locais, sem a devida qualificação, resulta em uma falta de comprometimento que reverbera em toda a equipe. Esse modelo de gestão, por vezes referido como “gestão 3D” – devido à influência de decisões e diretrizes políticas –, compromete a qualidade do serviço prestado e afeta negativamente a saúde da população.
É imperativo que se retome o caminho da responsabilidade e do compromisso com o bem-estar das comunidades. Os agentes de saúde devem ser apoiados e incentivados a cumprir suas funções essenciais, garantindo que o atendimento à saúde seja, acima de tudo, humano e acessível.
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