Últimas Notícias

6/recent/ticker-posts

Economista de direita Javier Milei derrota a esquerda na Argentina

"Não vim guiar cordeiros, vim despertar leões."

Foi com esta frase que o candidato à Presidência da Argentina Javier Milei, representante da coalizão A Liberdade Avança, definiu sua surpreendente vitória nas eleições primárias do país em agosto. Aquele seria o primeiro passo da trajetória que levou à sua eleição neste domingo (19).

O peronista Sergio Massa reconheceu a vitória de Milei pouco depois das 20h, mesmo antes das autoridades eleitorais divulgarem os resultados oficiais..

Ele será o 12º presidente em 40 anos de democracia na Argentina, sucedendo o peronista Alberto Fernández. 

O ultraliberal assume a Casa Rosada em 10 dezembro.

Parlamentar desde 2021, economista e amante de cachorros, Milei se tornou um fenômeno político polêmico na Argentina nos anos recentes, com propostas como a dolarização da economia, a privatização de estatais e o fechamento do Banco Central.

O presidente eleito também já anunciou ideias como a permissão à venda de armas e órgãos humanos.

Autodefinido como "libertário", Milei é frequentemente comparado com outros políticos da direita radical, como o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump e o brasileiro Jair Bolsonaro.

Mas afinal, quais são as principais propostas de Milei – e a as críticas a elas? Confira.

Dolarizar a economia e 'dinamitar' o Banco Central

Dolarizar a economia para abandonar o peso argentino é uma das principais promessas de Javier Milei.

A medida visa combater a inflação galopante que assola o pais e que, no ano passado, chegou a 100% no acumulado do ano.

"O peso é a moeda emitida pelo político argentino, portanto, não pode valer nem um excremento, porque esses lixos não servem nem para adubo", disse em entrevista a uma emissora de rádio local.

Originalmente, sua proposta era dolarizar em dois anos e meio, mas depois passou a dizer que vai implementar o plano no "menor tempo possível."

Porém, para dolarizar é preciso ter um estoque de dólares – e é justamente isso que a Argentina não tem, já que as reservas do país diminuíram drasticamente e a disponibilidade de dólares é limitada.

Milei disse em uma conta nas redes sociais que já teria um caminho para obter os dólares a um valor de mercado, mas não explicou como.

Segundo estimativas do grupo de assessores do candidato, atualmente são necessários cerca de US$ 35 bilhões para implementar a ideia.

Segundo Milei, o fechamento do Banco Central permitiria que os dólares do BC como reservas internacionais pudessem ser colocados em circulação.

Antes de avançar para a dolarização, diz Milei, ele flexibilizaria o mercado de trabalho e abriria a economia.

O segundo passo, segundo ele, seria eliminar o órgão que regula as instituições financeiras para que haja "competição entre moedas".

"Depois que você desregulamenta, você escolhe o que quer. Você pode usar ouro, franco suíço, libra", afirmou em declarações à imprensa local. A última fase para conseguir a dolarização seria trocar alguns recursos do Banco Central por "dívida pública" e usar outros recursos para injetar dólares na economia, fechando a agência que imprime os pesos argentinos. Seus assessores argumentaram que, no final, os argentinos escolheriam o dólar como moeda.

Economistas, no entanto, consideram pouco provável que a dolarização possa ser implementada e que, se isso acontecer de fato, não será a solução para os problemas da economia da Argentina.

Isso porque, para dolarizar, seria preciso tomar dólares emprestados, mas como o país tem um alto índice de endividamento, é muito improvável que consiga esses empréstimos.

Além disso, uma vez dolarizada, a Argentina ficaria submetida ao ciclo econômico e política monetária dos Estados Unidos, sem a possibilidade de se defender de choques externos.

Os analistas também apontam que a dolarização pode até domar a inflação num primeiro momento, mas que ela só será de fato derrotada quando o país conseguir controlar seu déficit fiscal excessivo.

Saída do Mercosul e afastamento de China e Brasil

No âmbito da política externa, Milei promete retirar a Argentina do Mercosul – bloco econômico criado em 1991, que engloba Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.

Ele também é contrário à adesão do país aos Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, que em agosto anunciou sua expansão, com seis novos membros).

Postar um comentário

0 Comentários