Evento realizado pela Fundação FHC trouxe dados de pesquisa inédita do economista Maurício Moura sobre a força do bolsonarismo no país após a derrota do ex-presidente em 2022.
A Fundação FHC (FFHC) realizou na última terça-feira, 15 de março, o webinar "O bolsonarismo depois da derrota de Bolsonaro". O debate trouxe dados inéditos de uma pesquisa recém-concluída pelo fundador do Instituto IDEIA, Mauricio Moura, que estarão no livro “Por que Bolsonaro perdeu?”, com lançamento previsto para junho. No evento online, essas informações foram complementadas por descobertas de pesquisas qualitativas conduzidas pela antropóloga Isabela Kalil, que é professora da FESPSP e coordenadora do Núcleo de Etnografia Urbana/Laboratório de Etnografia Digital (NEU/LED) e do Observatório da Extrema Direita (OED Brasil).
Os principais pontos abordados no webinar apontam na direção de que, com ou sem Bolsonaro, o bolsonarismo veio para ficar e será uma força política competitiva nas próximas eleições presidenciais. O presidente Lula, diante deste cenário, deverá enfrentar dificuldades, de acordo com os pesquisadores, para ampliar de maneira expressiva a sua aprovação como governante pela população brasileira – e assim aumentar seu potencial eleitoral nos próximos anos.
O debate também apontou a possibilidade de que o bolsonarismo possa assumir uma roupagem menos radical que a do ex-presidente Bolsonaro e seu núcleo familiar. Em caso de inelegibilidade de Bolsonaro, os governadores Tarcísio de Freitas, de São Paulo, e Romeu Zema, de Minas Gerais, já contam com importante simpatia do eleitorado de direita e despontam como nomes fortes para os próximos pleitos eleitorais.
As seguidas dificuldades e escândalos envolvendo Bolsonaro desde sua derrota – tais como seu afastamento voluntário do país, a depredação das sedes dos Três Poderes, em Brasília, e o mais recente caso das joias sauditas – não trouxeram maiores prejuízos ao bolsonarismo.
Em um cenário de persistente polarização política, teses conspiratórias e mentirosas continuam fortes nas redes sociais dos bolsonaristas e afetam sua interpretação dos fatos. Não há indícios de que essa parcela da população brasileira, já habituada a consumir esses conteúdos, mudará de comportamento no curto prazo.
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