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Brasil volta a registrar mais de 1.000 mortes por Covid após mais de 5 meses

Passaram 169 dias desde 19 de agosto de 2021, a última vez em que o país chegou a este número


O Brasil voltou a registrar mais de 1.000 mortes por Covid. Nesta sexta-feira (4), foram 1.074 vidas perdidas. É o maior valor desde 17 de agosto do ano passado, quando os registros apontaram 1.137 óbitos.

Passaram 169 dias desde 19 de agosto de 2021, a última vez em que o país havia registrado mais de 1.000 mortes em 24 h.

Nesta sexta também foram registrados 219.298 casos de Covid, o quinto maior valor da pandemia toda. O recorde em um único dia ocorreu na quinta-feira (3), com 286.050 infecções.

Com os dados atualizados, o Brasil chega a 631.069 vidas perdidas e a 26.319.033 pessoas infectadas pelo Sars-CoV-2 desde o início da pandemia.

A média móvel de mortes continua a crescer e agora é de 732 óbitos por dia, aumento de 160% em relação aos dados de duas semanas atrás. É a média mais alta desde 23 de agosto do ano passado, quando era de 766 mortes por dia.

A média móvel de casos também cresceu, em relação aos dados de duas semanas atrás, e agora é de 182.696, um aumento de 30%.

Os dados do país, coletados até 20h, são fruto de colaboração entre Folha de S.Paulo, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são recolhidas pelo consórcio de veículos de imprensa diariamente com as Secretarias de Saúde estaduais.

Segundo o infectologista do Hospital das Clínicas de São Paulo, Evaldo Stanislau de Araújo, toda morte por Covid é lamentável. Ele aponta que, de forma geral, as mortes atualmente se concentram em pessoas não vacinadas ou com esquema incompleto.

De toda forma, mesmo totalmente vacinados, inclusive com doses de reforço, podem morrer, apesar da probabilidade disso acontecer ser menor em relação a pessoas sem vacina. Com a explosão de casos derivada da ômicron, o aumento de mortes por Covid já era esperado, como alertavam especialistas.

Julio Croda, pesquisador da Fiocruz e presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, chama a atenção para a importância da dose de reforço para pessoas com mais de 50 anos ou com comorbidades. Mas também alerta para os que tomaram a dose de reforço há muito tempo, considerando que dados apontam que a proteção diminuiu com o passar dos meses.

A infectologista Martha Romeiro, membro da diretoria da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia), afirma que a vacinação mais ampla no país atualmente é o diferencial em relação a outras ondas de Covid enfrentadas pelo país, tornando a situação menos crítica.

"Nas ondas anteriores, havia muitos casos severos e graves, demandando grande quantidade de leitos de UTI. Com a ômicron, a necessidade de hospitalização é menor", diz.

Mesmo assim, pelo grande número de infecções e, consequentemente, maior necessidade de leitos (após, ainda, haver reduções pelo país na disponibilidade de suporte médico), os sistemas de saúde já estão sob pressão, mais uma vez.

Nesta semana, oito estados e o Distrito Federal registravam uma ocupação acima de 80% dos leitos de UTI para pacientes com Covid.

Em hospitais privados, a média nacional da ocupação de alas para pacientes com Covid chegou a 95% na última semana de janeiro (de 22 a 28), segundo levantamento da Anahp (associação dos hospitais privados). Nas UTIs destinadas para a doença, a taxa era de 85%.

Os dados da vacinação contra a Covid-19 foram afetados pelo ataque hacker ao sistema do Ministério da Saúde, ocorrido em dezembro, o que levou a falta de atualização em diversos estados por longos períodos de tempo. Nesta sexta, as informações foram atualizadas em 22 estados e no Distrito Federal.

O consórcio de veículos de imprensa recentemente atualizou os números de população brasileira usados para calcular o percentual de pessoas vacinadas no país. Agora, os dados usados são a projeção do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) para 2022. Todos os números passam a ser calculados de acordo com esses valores, inclusive os do ano passado. Por isso, os percentuais de pessoas vacinadas podem apresentar alguma divergência em relação aos números publicados anteriormente. ​

O Brasil registrou 1.811.838 doses de vacinas contra Covid-19, nesta sexta. De acordo com dados das secretarias estaduais de Saúde, foram 567.123 primeiras doses e 184.252 segundas. Também foram registradas 14.739 doses únicas e 1.045.724 doses de reforço.

Rondônia teve registro negativo de segundas doses (-10.799).

Ao todo, 166.598.264 pessoas receberam pelo menos a primeira dose de uma vacina contra a Covid no Brasil -146.108.954 delas já receberam a segunda dose do imunizante. Somadas as doses únicas da vacina da Janssen contra a Covid, já são 150.824.709 pessoas com as duas doses ou com uma dose da vacina da Janssen.

Assim, o país já tem 77,55% da população com a 1ª dose e 70,21% dos brasileiros com as duas doses ou com uma dose da vacina da Janssen. Considerando somente a população adulta, os valores são, respectivamente, de 102,98% e 93,23%​​.​

​Mesmo quem recebeu as duas doses ou uma dose da vacina da Janssen deve manter cuidados básicos, como uso de máscara e distanciamento social, afirmam especialistas.

A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorreu em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (PL), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes.​​​​​​​

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