Desde que foi reportada à OMS (Organização Mundial da Saúde) pela África do Sul, em 24 de novembro, a variante Ômicron tem gerado discussões sobre os impactos que poderá ter sobre a eficácia das vacinas. Embora não haja, até o momento, registro de mortes causadas pela nova cepa, ela provoca preocupação em autoridades ao redor do mundo por apresentar um número maior de mutações — o que pode torná-la mais transmissível do que as variantes anteriores.
Os laboratórios, nos últimos dias, têm se pronunciado a respeito do que sabem até o momento e de suas expectativas em relação à eventual necessidade de desenvolvimento de vacinas atualizadas. Com testes já em andamento, espera-se que em duas ou três semanas haja resultados que indiquem se será preciso que as vacinas passem por modificações.
Pfizer/BioNTech
A vacina da Pfizer-BioNTech provavelmente oferece proteção contra casos graves da variante Ômicron, de acordo com Ugur Sahin, presidente-executivo da BioNTech.
Em declaração à Reuters, o CEO afirmou que as vacinas possivelmente não terão a mesma proteção contra casos leves e moderados da Covid-19 causados pela nova variante. Ele acredita, porém, que a eficácia contra a forma grave da doença (em que há necessidade de hospitalização ou tratamento intensivo) deve ser mantida.
“Para mim, não há motivo para preocupação especial. A única coisa que me preocupa no momento é o fato de que há pessoas que não foram vacinadas”, disse Sahin. Ele acrescentou que doses de reforço também poderão ajudar a evitar casos graves da Ômicron e que espera o lançamento de uma vacina atualizada, com lote inicial de 25 a 50 milhões de doses — o que deve levar cerca de 100 dias, desde que os reguladores aprovem.
Oxford/AstraZeneca
A Universidade de Oxford afirmou que não “há evidências de que as vacinas não possam prevenir casos graves de Covid-19 causados pela Ômicron” e acrescentou que está pronta para desenvolver rapidamente uma versão atualizada da vacina AstraZeneca caso seja necessário.
“Apesar do surgimento de novas variantes ao longo do último ano, as vacinas continuaram a fornecer altos níveis de proteção contra casos graves da doença, e não há evidência até agora de que seja diferente com a Ômicron”, declarou a universidade em comunicado. A instituição afirmou que avaliará com cuidado o impacto na variante sobre a sua vacina.
Moderna
A Moderna pode ter uma dose de reforço contra a Covid-19, visando o combate à variante Ômicron, testada e pronta para solicitar autorização nos EUA em março, disse o presidente da empresa, Stephen Hoge, nesta quarta-feira (1º).
Hoge afirmou acreditar que as doses de reforço transportando genes que visam especificamente mutações na variante Ômicron recém-descoberta seriam a maneira mais rápida de lidar com quaisquer reduções antecipadas na eficácia da vacina que ela possa causar. “Já iniciamos esse programa”, declarou.
A empresa também está trabalhando em uma vacina multivalente que incluiria até quatro variantes diferentes do coronavírus, incluindo a Ômicron. Isso pode levar mais vários meses, de acordo com o executivo.
Sputnik
A vacina Sputnik, desenvolvida pelo Instituto Gamaleya, provavelmente funciona contra a variante Ômicron, segundo Kirill Dmitriev, chefe do Fundo Russo para Investimento Direto. Ele disse, ainda, que o país estaria pronto para produzir centenas de milhões de doses de reforço, caso necessário.
Embora ainda não tenha aprovação da Organização Mundial da Saúde (OMS), a vacina está sendo aplicada em alguns países, como a Nicarágua.
Novavax
A Novavax começou a trabalhar em uma nova versão da vacina contra a Covid-19, tendo como alvo a variante Ômicron. A farmacêutica afirmou que o imunizante estaria pronto para iniciar os testes nas próximas semanas. A vacina contém proteína spike desenvolvida com base na sequência genética da Ômicron — uma versão da proteína que ativaria o sistema imune sem causar a doença.
A vacina Novavax já recebeu aprovação para uso emergencial na Indonésia e nas Filipinas e pretende solicitar aprovação nos Estados Unidos até o fim do ano. A farmacêutica também pediu aprovação no Canadá e na Agência Europeia de Medicamentos.
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