O presidente Jair Bolsonaro tem testado sorrateiramente slogans eleitorais para 2022 em suas transmissões nas redes sociais.
O presidente tem colado adesivos com mensagens atrás de seu notebook, com o objetivo de avaliar a repercussão de cada uma delas.
Até o momento já apareceram “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”, O Brasil vai vencer”, “Deus, pátria, família” e “Oito trinta e dois”.
O último é uma referência ao versículo bíblico João 8:32, do qual os bolsonaristas se apropriaram politicamente: “e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”.
“Deus, pátria, família” era o lema da Ação Integralista Brasileira (AIB), movimento conservador, ultranacionalista, com inspiração no fascismo italiano e fundado na década de 1930.
O “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”, lançado por Bolsonaro durante as eleições de 2018 e repetido à exaustão desde então, é uma apropriação de brado da Brigada de Infantaria Paraquedista do Exército. O presidente foi paraquedista em sua trajetória militar, assim como o seu vice, o general da reserva Hamilton Mourão (PRTB).
Em artigo, o coronel Cláudio Tavares Casali explica que o brado, atualmente difundido pelos quartéis, surgiu no final da década de 1960, durante a ditadura militar, pouco depois do decreto do Ato Institucional nº 5 (AI -5). Um grupo de paraquedistas nacionalistas formado pelos capitães paraquedistas Francimá de Luna Máximo, José Aurélio Valporto de Sá e Kurt Pessek teria criado, nesse contexto, o lema “Brasil acima de tudo”.
Chamado Centelha Nativista, o grupo tinha como objetivo ressuscitar os valores “de nacionalismo não xenófobo, de amor ao Brasil e de criar meios que reforçassem a identidade nacional e evitasse a fragmentação do povo pela ideologia e exploração de dissensos da sociedade dividindo o povo nos termos da velha luta de classes do marxismo”.
Ao longo da história, o lema foi muito questionado devido à semelhança com o brado nazista de “Alemanha acima de tudo” (no alemão, “Deutschland über alles”), relata o coronel.
De acordo com ele, “Brasil acima de tudo” foi adotado pelos paraquedistas em definitivo a partir de janeiro de 1985, quando o general Acrísio Figueira assume o comando da brigada e, inspirado nos americanos que se saudavam com “Air Born” e “All the way”, adota o bordão criado pela Centelha para “aumentar os laços de camaradagem e espírito de corpo”
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