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Brasil ultrapassa 470 mil mortos por covid-19; OMS alerta para situação crítica

O Brasil chegou nesta sexta (4) a 470.842 mortos por covid-19. O resultado leva em conta o acréscimo de 1.454 vítimas registradas em um período de 24 horas. Em relação a ontem foram notificadas cerca de mil vítimas a menos, em razão do feriado de Corpus Christi celebrado em grande parte do território nacional. 

Desde o início da pandemia, em março de 2020, ao menos 16.841.408 pessoas foram infectadas pelo vírus Sars-Cov-2. Também em um período de 24 horas entre ontem e hoje, foram registrados mais 37.936 novos doentes. Os dados foram notificados pelos estados e consolidados pelo Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass).

Além do feriado de Corpus Christi, que reduziu o número de trabalhadores de medicina diagnóstica em atividade, os números de hoje não incluem dados de Minas Gerais que, desde ontem, não informa os mortos e novos infectados. Os números da covid-19 no Brasil são subnotificados. O fato é reconhecido por autoridades e denunciado por cientistas. Contribui para o cenário a falta de planejamento federal no combate à pandemia, que impacta na quantidade insuficiente de testes realizados no período.

Situação crítica

Desde a segunda semana de abril, o Brasil vive uma redução nas mortes semanais por covid-19. Além de medidas de isolamento social adotadas, especialmente em março, a vacinação, começa a surtir efeito, apesar da ainda pouca cobertura. Com o avanço da imunização entre os mais velhos e pessoas com comorbidades, a tendência é de redução nas mortes. Entretanto, o surto segue preocupante, já que o país, no geral, não adota medidas sanitárias para conter a disseminação do vírus. Com isso, a circulação da covid-19 segue intensa e ameaça cada vez mais os mais jovens.

É o que argumenta a Organização Mundial da Saúde (OMS). “Com a vacinação, houve uma leve redução das taxas de mortes e internações. Mesmo assim, como em outras nações nas Américas, a doença permanece uma ameaça e a população não deve baixar a guarda”, afirma a entidade. A maior ameaça é que a livre circulação do vírus pode provocar o surgimento de novas cepas e fazer, inclusive, com que as vacinas existentes percam a eficácia, caso o vírus “aprenda” como sobreviver a um organismo já vacinado.

Terceira onda

A partir deste cenário, o vice-diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), braço da OMS, Jarbas Barbosa, afirma que “O Brasil ainda vive uma situação muito crítica. Assim como quase todos os países da América Latina, o país, muitas vezes, tem uma pequena redução no número de mortes diárias, mas não consegue alcançar um controle.

A transmissão continua num patamar muito elevado. Isso exige que o Ministério da Saúde, os governadores, os governos estaduais, as Secretarias de Saúde dos estados e municípios, mantenham um alerta muito forte. Que mantenham todas as medidas (de isolamento e distanciamento social), tenham uma boa comunicação com a população porque, provavelmente, nós ainda teremos, no Brasil, várias semanas de transmissão com risco. E, em alguns lugares, dos serviços de saúde, os hospitais, as UTIs, terem sua capacidade ultrapassada”.

Entidades como a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), responsável conjunta pela produção da vacina da AstraZeneca, alertam para a iminência de uma terceira onda de contágio e mortes nas próximas semanas.

O colapso hospitalar atualmente vivido em estados como Mato Grosso do Sul, com falta de leitos em UTI e pessoas morrendo por covid-19 sem atendimento necessário, evidencia o problema. “Isso é um risco muito importante (…) precisamos implantar aquelas medidas que tenham base em evidências científicas, e conseguir controlar a transmissão, reduzir o número de casos, reduzir as mortes, salvar vidas. Creio que é o fundamental nesse momento”, alerta o vice-diretor da Opas.

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