O governo federal está atuando para evitar uma crise com os caminhoneiros. De um lado da moeda, o Executivo busca afastar a possibilidade de uma nova greve, como a que paralisou o país em 2018. Do outro, procura reter o máximo de sustentação de um grupo que apoiou o presidente Jair Bolsonaro nas eleições, em um momento em que o Palácio do Planalto vê ameaçados seus índices de aprovação.
Em fevereiro, a Gazeta do Povo mostrou que a troca na Petrobras deu fôlego a Bolsonaro contra uma greve de caminhoneiros articulada para abril. O problema é que, na avaliação de boa parte da categoria, de lá para cá o governo pouco entregou das pautas negociadas com os transportadores autônomos.
Pior: o Executivo não renovou a alíquota zero de PIS e Cofins sobre o diesel, que vigorou em março e abril. Com isso, os dois tributos – que somam R$ 0,33 por litro do combustível – voltaram a ser cobrados no último sábado (1.º), o que deve resultar em alta de preços.
Sem perspectivas de melhora no curto prazo, ruídos de uma nova greve começam a surgir, ainda que timidamente. Mesmo líderes opositores a uma paralisação assumem que o risco existe. Explicam que, enquanto o agronegócio comemora a safra recorde que impulsiona exportações e deve ajudar o Brasil a atingir seu primeiro superávit externo em 14 anos, a categoria lida com redução dos valores dos fretes e alta do combustível.
O ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, iniciou em 22 de abril – antes mesmo do fim da redução de impostos sobre o diesel – uma rodada de conversas com os caminhoneiros para esclarecer as ações adotadas pelo governo em favor dos autônomos. Outros encontros estão previstas, inclusive com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
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