A população atingida pela fome no país já é equivalente a dos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo somados.
Escancarando números de uma realidade alarmante, a pesquisa realizada pela Rede PENSSAN em dezembro de 2020 e publicada em março de 2021 aponta que do total de 211,7 milhões de brasileiros, cerca de 116,8 milhões, ou seja, mais da metade da população, convivem com algum grau de Insegurança Alimentar. Destes, cerca de 43,4 milhões não dispõe de alimentos em quantidade suficiente e 19 milhões são os que enfrentam diretamente a realidade da fome.
De 2018 até 2020 praticamente dobrou a quantidade de pessoas que enfrentam a fome cotidianamente, passando de 10,3 milhões para 19,1 milhões. Embora a proporção dos domicílios pesquisados seja composta de 49,1% famílias chefiadas por homens e 50,9% chefiada por mulheres, a pesquisa aponta que as famílias mais atingidas pela condição de Insegurança Alimentar são as chefiadas por mulheres, a maioria por mulheres negras, que estão no trabalho informal ou diretamente no desemprego.
A fome tem rosto de mulher negra
Os resultados da pesquisa apontam que 64% das famílias chefiadas por mulheres estavam submetidas a algum grau de Insegurança Alimentar contra 47,5% das famílias chefiadas por homens. Dentre estes, a fome atinge 11,1% dos domicílios chefiados por mulheres contra 7,7% dos chefiados por homens.
Quando o parâmetro é por cor/raça, a pesquisa aponta que 59,2% dos domicílios chefiados por pessoas pretas e pardas estavam submetidos a algum grau de insegurança alimentar contra 51% dos domicílios em que a pessoa de referência se autodeclara branca. Destes, a fome atinge 10,7% contra 7,5% respectivamente.
Já quando o parâmetro é a situação de trabalho os números da Insegurança Alimentar disparam entre os setores mais precários. Cerca de 70,5% dos trabalhadores informais e 73% dos desempregados estão submetidos a algum grau de Insegurança Alimentar. Destes, a fome atinge 15,7% e 22,1% respectivamente.
A fome alavancada pelo aumento da cesta básica
Sob o governo Bolsonaro o valor da cesta básica já saltou em 33%, e junto com as sucessivas altas dos combustíveis (que afetam os preços de produtos de consumo essencial) pressiona ainda mais a precarização das condições de vida de milhões de brasileiros.
Esse retrato da miséria atual vem sendo construído minuciosamente pelo regime do golpe, que em sua trajetória (mesmo em meio aos revezes circunstanciais entre Bolsonaro, militares, centrão, STF) impôs a reforma trabalhista, da previdência, cortes orçamentários austeros que tem como alvo principal a saúde e a educação.
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