O médico Drauzio Varella afirma que o caos sanitário do coronavírus, incluindo as três mil mortes ao diárias no Brasil, foi intensificado pela desorganização do Ministério da Saúde e pelo presidente Jair Bolsonaro, “que dá exemplo pessoal do que fazer para disseminar a epidemia”. Em entrevista ao jornalista André Biernath, da BBC Brasil, publicada nesta sexta-feira (16), Drauzio critica a adoção do chamado tratamento precoce, endossado pelo presidente, e entende que os erros cometidos pelo governo federal precisam ser apurados e julgados. Ao mesmo veículo, ele disse, em abril de 2020, que o país viveria uma “tragédia nacional” durante a pandemia, pois o controle do vírus exigiria medidas de isolamento social que não vinham sendo tomadas.
Na entrevista, o especialista também falou sobre a dicotomia entre saúde e economia, criada pelo governo federal. Drauzio Varella criticou as ideias de que medidas restritivas quebrariam a economia do país, o que seria até pior que a própria covid-19, segundo o próprio presidente Bolsonaro.
“Se dizia que as pessoas precisavam trabalhar para preservar a economia. Mas o que provoca a crise econômica e financeira é a existência da epidemia. Não é o fato de as pessoas ficarem em casa, não é o combate à epidemia. É justamente o contrário. Quanto mais rápido a epidemia desaparecer, mais depressa a gente retoma a economia. Isso é um clássico da história das epidemias”, explicou.
Com a recusa de uma oferta de 70 milhões de doses de vacina por parte do governo Bolsonaro, que desdenhou a imunização desde o começo, Drauzio Varella critica também o ritmo da execução do Plano Nacional de Imunização (PNI). “É um ritmo ridículo em relação ao que poderia ter sido. Nós temos um dos melhores programas de imunização do mundo.
O Brasil tem 38 mil salas de vacinação pelo país inteiro. O que nós fizemos foi desorganizar o PNI. Foi colocar nos quadros de chefia pessoas que não tinham noção, que nunca participaram de campanha nacional.”
Confira entrevista na BBC Brasil
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