O voo solo do ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, colidiu com os altos e baixos de Paulo Guedes na condução das políticas econômicas. Se, durante a discussão da reforma da Previdência, o chamado de Posto Ipiranga tinha, no ministro, o frentista perfeito que abastecia, trocava os pneus e, se precisasse, ainda guaribava a lata velha que havia se tornado a articulação do governo, após a aprovação, Guedes achou seu antagonista na Esplanada dos Ministérios.
O ex-subordinado do ministro da Economia apostou no medo que contagiou o Planalto — e parte da equipe econômica — de que um governo reformista por si só levaria a um efeito Mauricio Macri, o ex-presidente da Argentina que aplicou reformas a conta-gotas e foi derrotado nas urnas. Para o titular do Desenvolvimento Regional, 2020 é um ano de excepcionalidades fiscais em razão da pandemia do coronavírus — um verdadeiro pão com leite condensado para Bolsonaro e seus aliados com ímpeto desenvolvimentista dispostos a gastar.
Tais ideias contrariaram Guedes, que passou a insinuar que nas atitudes do ex-subordinado havia um quê de traição. A proximidade de Marinho com governadores, em razão das atribuições de sua pasta, também incomodou o ministro da Economia, que enxergou ali uma proximidade excessiva com nomes contrários ao bolsonarismo e uma semente de deslealdade, em sua visão.
Marinho entende o jeito de Bolsonaro fazer política e joga o jogo. Na semana passada, em live com investidores e executivos do mercado financeiro, alfinetou Guedes. Disse que o que derruba o país não é realizar uma obra aqui outra acolá, e, sim, a inabilidade política de “alguns” em tratar de temas delicados como as reformas.
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