O presidente Jair Bolsonaro informou, ontem, que está com sintomas da covid-19 e que fez um novo exame para detectar se foi infectado pelo novo coronavírus. Segundo o Correio apurou, ele disse a interloculores, ontem à noite, que não sabia do resultado do teste. A previsão é de que a divulgação ocorra hoje, ao meio-dia. Segundo a CNN Brasil, o mandatário teve febre de 38°C e já está tomando hidroxicloroquina e azitromicina de maneira preventiva, embora nenhum dos dois medicamentos tenha eficácia comprovada no combate à doença.
Ao conversar com apoiadores na entrada do Palácio da Alvorada na noite de ontem, Bolsonaro comentou que, além do exame para a covid-19, fez uma ressonância magnética dos pulmões. Os procedimentos foram realizados no Hospital das Forças Armadas (HFA) e na residência oficial. De acordo com o chefe do Executivo, os níveis de oxigenação do sangue dele estão em 96% e “está tudo bem”.
“Eu vim do hospital agora, fiz uma chapa do pulmão, tá limpo o pulmão, tá certo? Vou fazer o exame do covid agora, mas está tudo bem”, frisou o presidente. No contato com os apoiadores, ele disse que não chegaria “muito perto” por se tratar de uma “recomendação para todo mundo”, contudo, antes de se despedir, tirou fotos com o grupo de simpatizantes.
Por conta da suspeita, a família do presidente que vive com ele no Palácio da Alvorada e os funcionários da Presidência que tiveram contato com o chefe do Executivo também terão de se submeter a exames. O comandante do Planalto pode ser considerado um integrante do grupo de pessoas que apresenta risco maior de desenvolver forma grave da doença, por já ter 65 anos.
Negativos
Vários integrantes da equipe dele contraíram o novo coronavírus desde o início da pandemia, mas, até agora, oficialmente, os testes do presidente resultaram negativo. Apesar da pandemia, o mandatário tem negado os perigos da doença e já reduziu a covid-19 a um “resfriadinho” e a uma “gripezinha”. Além disso, ele resiste em manter o distanciamento social e costuma se aproximar das pessoas ao aparecer em público, seja participando de manifestações públicas em seu apoio, seja passeando por Brasília nos fins de semana.
Na última sexta-feira, por exemplo, Bolsonaro fez uma reunião e almoçou com um grupo de 10 empresários, entre eles, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, no Palácio da Alvorada. Em nenhum momento ele ou os convidados usaram máscaras, bem como não respeitaram um limite mínimo de distanciamento social.
O mesmo aconteceu no dia seguinte, quando Bolsonaro e outros integrantes do governo federal dispensaram o equipamento de proteção e as recomendações sanitárias durante um almoço na casa do embaixador dos Estados Unidos em Brasília, Todd Chapman, para comemorar os 244 anos da independência americana.
Agenda
Antes de informar à imprensa sobre o quadro febril, Bolsonaro teve muitas reuniões. Seis ministros encontraram o chefe do Executivo: Paulo Guedes (Economia), Walter Braga Netto (Casa Civil), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) e Jorge Oliveira (Secretaria-Geral), além de José Levi Mello, advogado-geral da União. Ele também recebeu, no Palácio do Planalto, o secretário especial de Cultura, Mário Frias.
Às 17h, houve a cerimônia de apresentação do Plano de Contingência para Pessoas com Deficiência e Doenças Raras, com a ministra da Família, Mulher e Direitos Humanos, Damares Alves, e a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, mas o presidente não participou. Ele deixou o Planalto por volta das 17h40 e seguiu para o HFA.
Apesar da suspeita de infecção, está prevista para hoje à tarde uma audiência entre Bolsonaro e Ramos. De todo modo, parte da agenda presidencial desta semana foi cancelada, como a reunião ministerial que ocorreria hoje de manhã no Palácio da Alvorada.
Compromissos do presidente no Nordeste, agendados para a sexta-feira, também foram desmarcados. Ele iria a Campo Alegre de Lourdes (BA) para a inauguração de uma adutora que levará as águas do Rio São Francisco ao município baiano, sobrevoaria de helicóptero um trecho da Ferrovia Transnordestina entre o Piauí e o Pernambuco e encerraria a viagem em São Raimundo Nonato (PI).
Memória
Comitiva e exames
O presidente Jair Bolsonaro já havia realizado três testes para detectar a covid-19. Os exames foram realizados em março, após o chefe do Executivo voltar de viagem oficial aos Estados Unidos, onde se encontrou com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Pelo menos 23 pessoas da comitiva brasileira foram diagnosticadas com a doença. Na ocasião, o comandante do Planalto anunciou que os resultados deram negativo, mas se recusou a mostrar os exames. Os resultados dos três testes só foram tornados públicos em maio, quando o jornal o Estado de S. Paulo entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para obrigar a divulgação da informação.
O presidente a doença
20/3
“Depois da facada, não vai ser uma gripezinha que vai me derrubar, não”
“Aqui em casa, toda a família deu negativo. Talvez, eu tenha sido infectado lá atrás e nem fiquei sabendo. Talvez. E estou com anticorpo”
24/3
“Pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado pelo vírus, não precisaria me preocupar. Nada sentiria ou teria. Quando muito, seria acometido por uma gripezinha ou um resfriadinho”
30/4
“ Eu, talvez, já tenha pegado esse vírus no passado, talvez, talvez, e nem senti”
2/6
"Eu já peguei 20 vezes este vírus, talvez, ou o vírus não quer papo comigo. É uma realidade. (...) Vai pegar, e a grande maioria nem vai saber que pegou. Talvez é o meu caso. Assintomático”
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